Vemos tantas coisas fora de contexto. A maioria das imagens que vemos são vistas fora de contexto. A maioria das imagens que vemos não tentam nos dizer algo, mas nos vender algo. Na verdade, a maioria das coisas que vemos, revistas, televisão tentam nos vender alguma coisa.
Mas a necessidade fundamental do ser humano é que as coisas comuniquem um significado
como uma criança, ao se deitar, ela quer ouvir uma estória. Não é tanto a estória que conta, mas o próprio ato de contar uma estória cria segurança e conforto. Acho que mesmo quando crescemos nós amamos o conforto e a segurança das estórias, qualquer que seja o tema. A estrutura da estória cria um sentido. E nossa vida, de maneira geral,
carece de sentido. Por isso, temos uma intensa sede de sentido.
Acho que acontece o mesmo com as outras coisas que temos em excesso. Quero dizer, temos muitas coisas em excesso nos dias de hoje. A única coisa que não temos o suficiente é tempo, mas a maioria de nós tem tudo, em excesso e ter tudo, em excesso, significa que nada temos.
A atual superabundância de imagens, significa, basicamente, que somos incapazes
de prestar atenção. Somos incapazes de nos emocionarmos com as imagens. Atualmente, as estórias têm que ser extraordinárias para nos comoverem. A estórias simples, não conseguimos mais vê-las.
(Wim Wenders, cineasta, no documentário Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho)
segunda-feira, janeiro 19, 2009
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