Chinolope vendia jornais e engraxava sapatos em Havana. Para deixar de ser pobre, foi-se embora para Nova York.
Lá, alguém deu de presente a ele uma máquina de fotografia. Chinolope nunca tinha segurado uma Câmera nas mãos, mas disseram a ele que era fácil:
- Você olha por aqui e aperta ali.
E ele começou a andar pelas ruas. Tinha andado pouco quando escutou tiros e se meteu num barbeiro e levantou a câmera e olhou por aqui e apertou ali.
Na barbearia tinham baleado o gângster Joe Anastasia, que estava fazendo a barba, e aquela foi a primeira foto da vida profissional de Chinolope.
Pagaram uma fortuna por ela. A foto era uma façanha. Chinolope tinha conseguido fotografar a morte. A morte estava ali: não no morto, nem no matador. A morte estava na cara do barbeiro que a viu.
(Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços)
sexta-feira, janeiro 25, 2008
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Um comentário:
tem coisas que só o Galeano escreve para você... Lendo Galeano já fazes tua parte!
Beijos
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